Editora: L&PM
Páginas: 318
Estrelas: 4/5
Skoob
Publicado originalmente em 1934 com o título de Unfinished Portrait
Durante uma viagem a uma ilha exótica, Larraby, um célebre pintor de retratos, conhece Celia, uma bela e interessante mulher. Ao perceber que ela está prestes a cometer um ato extremo, ele resolve escutar sua história e, assim, tentar mudar seu destino. Larraby elabora uma verdadeiro retrato dele, mas com palavras, reconstruindo a vida de Celia até o momento atual. Este encontro acaba trazendo à tona uma explosão de sentimentos que farão do passado desses dois solitários uma experiência sem igual. Escrevendo anonimamente sob o pseudônimo de Mary Westmacott, Agatha Christie, conhecida mundialmente como a Rainha do Crime, deixa de lado a investigação policial para explorar a alma humana, seus conflitos e emoções.
No wikipedia consta que esse livro é semi-autobiográfico, fato interessante já que esse é um livro sobre depressão e suicídio. É uma história bastante simples (no sentido de que não tem muitas reviravoltas), é a vida de Célia e o que a levou a tomar a decisão de se matar.
O Sr. Larraby ao passear descobre no olhar de Célia que ela está para se suicidar e toma-lhe as dores, os dois acabam se envolvendo numa conversa que dura a noite inteira quando Célia conta a história da sua vida para ele.
Acompanhamos a personagem desde criança e ao longo dos anos, eu fui buscando pistas do que a levariam ao suicídio. É uma história extremamente envolvente, crível. Não é um livro para quem gosta de ação. Como a própria sinopse diz, é uma exploração da alma, um livro mais voltado ao psicológico (sidenote: o que me lembrou muito da Miss Marple, ela fala várias vezes que se fascina pelo comportamento humano). Eu confesso que adoro livros assim.
Em outros livros, personagens chatos me irritam, nesse, mesmo que o personagem seja extremamente irritante, uma pessoa ruim, me pareceu que adiciona profundidade a sua personalidade.
A escolha da forma como contar essa história é bem interessante, o Sr. Larraby endereça uma carta para Mary e anexa o livro, ele diz que não conseguiu retratar em óleo e que tentaria uma nova forma de arte. Então de uma certa forma temos Mary como autora, Larraby como narrador e Célia como protagonista. O negócio começa a ficar bastante interessante com as intervenções que o retratista faz no livro para interpretar o que está acontecendo e a influência dos personagens. Ele nos adverte numa dessas intervenções: "Mas talvez eu tenha inventado...Afinal, essas pessoas se tornaram minhas criações."
SPOILER | Não podia deixar de mencionar a minha interpretação sobre a situação da Célia e se algum leitor já leu esse livro, por favor, me diga o que acha nos comentários. Parece que a protagonista julga sua normalidade em comparação a dos outros e, claro, se ressente das diferenças ao invés de aceitá-las como parte de si, por causa de coisas que ouviu no passado, se demoniza. Afinal, Dermot é um personagem detestável! Até o que ela dizia ser uma amabilidade dele, meu Deus, não era. Por tanto ele lhe dizer que seu entusiasmo era tolice ou egoísmo, ela acreditou. Enfim, acho que Dermot contribui em muito com a depressão dela. | FIM DO SPOILER
Esse livro me afetou bastante, me identifiquei com a personagem (o que de certa forma é preocupante). Suscita uma discussão bastante relevante que é como nós nos afetamos com o que ouvimos e com as relações que mantemos. Eu falo por mim, porém, máximas como agradar aos outros, evitar conflitos, internalizar emoções me acompanham desde sempre e talvez isso não seja muito saudável. Acho que uma das mensagens desse livro é essa; ser você é mais importante que imaginamos. Ser quem somos não é ser egoísta, é viver.
O Sr. Larraby ao passear descobre no olhar de Célia que ela está para se suicidar e toma-lhe as dores, os dois acabam se envolvendo numa conversa que dura a noite inteira quando Célia conta a história da sua vida para ele.
Acompanhamos a personagem desde criança e ao longo dos anos, eu fui buscando pistas do que a levariam ao suicídio. É uma história extremamente envolvente, crível. Não é um livro para quem gosta de ação. Como a própria sinopse diz, é uma exploração da alma, um livro mais voltado ao psicológico (sidenote: o que me lembrou muito da Miss Marple, ela fala várias vezes que se fascina pelo comportamento humano). Eu confesso que adoro livros assim.
Em outros livros, personagens chatos me irritam, nesse, mesmo que o personagem seja extremamente irritante, uma pessoa ruim, me pareceu que adiciona profundidade a sua personalidade.
A escolha da forma como contar essa história é bem interessante, o Sr. Larraby endereça uma carta para Mary e anexa o livro, ele diz que não conseguiu retratar em óleo e que tentaria uma nova forma de arte. Então de uma certa forma temos Mary como autora, Larraby como narrador e Célia como protagonista. O negócio começa a ficar bastante interessante com as intervenções que o retratista faz no livro para interpretar o que está acontecendo e a influência dos personagens. Ele nos adverte numa dessas intervenções: "Mas talvez eu tenha inventado...Afinal, essas pessoas se tornaram minhas criações."
SPOILER | Não podia deixar de mencionar a minha interpretação sobre a situação da Célia e se algum leitor já leu esse livro, por favor, me diga o que acha nos comentários. Parece que a protagonista julga sua normalidade em comparação a dos outros e, claro, se ressente das diferenças ao invés de aceitá-las como parte de si, por causa de coisas que ouviu no passado, se demoniza. Afinal, Dermot é um personagem detestável! Até o que ela dizia ser uma amabilidade dele, meu Deus, não era. Por tanto ele lhe dizer que seu entusiasmo era tolice ou egoísmo, ela acreditou. Enfim, acho que Dermot contribui em muito com a depressão dela. | FIM DO SPOILER
Esse livro me afetou bastante, me identifiquei com a personagem (o que de certa forma é preocupante). Suscita uma discussão bastante relevante que é como nós nos afetamos com o que ouvimos e com as relações que mantemos. Eu falo por mim, porém, máximas como agradar aos outros, evitar conflitos, internalizar emoções me acompanham desde sempre e talvez isso não seja muito saudável. Acho que uma das mensagens desse livro é essa; ser você é mais importante que imaginamos. Ser quem somos não é ser egoísta, é viver.
Eu adoraria discutir esse livro! Se você já leu, deixe sua opinião nos comentários (especialmente sobre a parte spoiler rs.).
Li o assassinato no expresso do oriente no fim do ano passado e adorei!! Quero ler esse e todos os outros da Agatha ;)
ResponderExcluirEsse eu ainda não li, mas já me disseram que é muito bom! Pretendo ler tb!
ExcluirBjs
Me envergonha em dizer que li poucos livros da Agatha e há muito tempo atrás. Preciso tomar a atitude de busca-los e conhecer mais sobre as obras da escritora. Este descrito acima, por exemplo, é um lado que eu não sabia que existia. Pensei que Agatha Christie era sinônimo de mistério, suspense, crime. Obrigado por abrir meus olhos!
ResponderExcluirBjooo
Oi George!
ExcluirEu li alguns livros dela no ano passado e gostei bastante. Eles são envolventes e você quer chegar logo no final, extremamente viciante!
Esse foi o primeiro que li dela escrito sob pseudônimo e adorei, vou continuar lendo, com certeza! Minha ambição secreta é ler todos os livros da Agatha haha
Beijo!
Eu tenho uma dúvida sobre o livro: quem era Mary. Era um amiga de Larraby ou algo assim? Eu achei o final meio confuso. Ela pulou da ponte e não conseguiu se matar. Então, ela foi salva, mas estava em estado grave e por isso morreu. É isso? Eu amei muito o livro. Me emocionei muito. Mas estou com algumas dúvidas. r
ResponderExcluir