Pular para o conteúdo principal

Projeto 1001 #3 | Ratos e Homens - John Steinbeck

Editora: L&PM
Páginas: 144
Estrelas: 
Skoob
Publicado originalmente em 1937 com o título de Of Mice and Men

George e Lennie são dois amigos bem diferentes entre si. George é baixo e franzino, porém astuto, e Lennie é grandalhão, uma verdadeira fortaleza humana, mas com a inteligência de uma criança. Só o que os une é a amizade e a posição de marginalizados pelo sistema, o fato de serem homens sem nada na vida, sequer família, que trabalham fazendo bicos em fazendas da Califórnia durante a recessão econômica americana da década de 30. Ganham pouco mais do que comida e moradia. No caminho, encontram outros sujeitos pobres e explorados, mas também situações que colocam em risco a sua miserável e humilde existência. Em Ratos e homens, Steinbeck levou à maestria sua capacidade de compor personagens tão cativantes quanto realistas e de, ao contar uma história específica, falar de sentimentos comuns a todos seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna.

Compre na Amazon: Ratos e Homens

Esse livro retrata com maestria a pobreza, o sonho de uma vida melhor e os preconceitos humanos. É aquele clássico no sentido de ser real ao extremo, te fazer repensar algumas coisas, te confrontar com realidades diferentes. Se a vida tivesse um script, seria escrito nas linhas desse livro.

Dois trabalhadores temporários estão a caminho de uma fazenda para o próximo trabalho. George é o "alfa" dos dois já que Lennie mostra sinais de retardo mental. Eles estão juntos desde sempre e tentam cuidar um do outro como podem.

Ao chegar nessa fazenda, eles entram em contato com um negro, uma mulher promíscua e um patrão abusivo. O preconceito é bastante palpável no desenrolar do livro, mesmo que essa palavra nem seja mencionada. É um retrato da época em que o autor viveu despejado nas páginas de seus livros (ou assim me disseram, já que esse foi o meu primeiro). Preconceito racial, preconceito sexista, preconceito etário e preconceito com o trabalhador também.

Ele se estrutura com muitas descrições do cenário e dos outros trabalhadores nessa fazenda. Os diálogos são em linguagem coloquial, o que me dificultou um pouco a leitura, embora já tenha lido livros assim, não é o mais corriqueiro. A maneira com que o autor conta a situação já nos insere na hierarquia presente naquele lugar, quase instintivamente já sabemos aonde os personagens se situam.

George e Lennie tem um sonho, que é descrito de forma muito bonita (me deu vontade de ir morar com eles). Eles visionam uma fazenda própria, onde vão plantar e colher, vão criar animais e produzir ovos. Eles vão poder ditar seus horários e divertirem-se juntos. Lennie vai poder criar coelhos. Tudo vai ser lindo. É por isso que eles estão lá trabalhando. Eles tentam juntar dinheiro para comprar essa fazenda.

Mas nesse cenário, nem os homens, nem os ratos têm um final feliz. Nos mesmos moldes de "O Grande Gatsby", esse livro engrena na construção do final. Excelente final. Chocante final. Final bastante verossímel e consistente com a realidade que é mostrada ao longo do livro.

Tenho até receio de escrever isso, mas lá vai: esse livro vale a pena ser lido mais pelo seu lado político e social do que por valores de entretenimento. Não é aquela leitura light, bonitinha, pronta para horas de prazer. Esse livro te transporta para a realidade desses trabalhadores e a situação deles não é bonita.

Vale a menção: existe um programa que vai ao ar pela TV Justiça que objetiva relacionar grandes obras de literatura com o Direito. Se vc tiver curiosidade: Direito & Literatura: do Fato à Ficção. Nesse programa, a discussão é sobre esse livro. Só cuidado: tem spoilers!

E você? Já leu algum livro do John Steinbeck? Tem curiosidade? Deixe sua opinião nos comentários!

Comentários

  1. Tinha feito um comentário lindo e gigante, mas fechei a página sem querer ='/
    Eu fiquei com muita vontade de ler o livro pela sua indicação. Adoro livros que trazem questionamentos políticos e são mais antigos. Tipo o 12 anos de escravidão que entrou para o meu coração. Vou anotar sua dica <3

    Beijo!
    http://pausaparaumcafe.com.br

    ResponderExcluir
  2. Nossa... Paree ser ótimo!!! E bom ler livros que fazem refletir sobre a realidade.

    http://foreverabookaholic.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  3. Oie!
    Parece ser realmente muito bom. Nunca li nada do gênero e quem sabe não começo por esse?

    Beijos,
    Marcela.
    ocantinholiterario.blogspot.com

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha | Primeiro ano - Scott Turow

Editora : Record Páginas : 220 Estrelas : ✬✬✬✬ Skoob Publicado em 1977. Ao narrar as angústias, as dificuldades, os desafios e os triunfos que marcaram seu primeiro ano na Faculdade de Direito de Harvard, Scott Turow denuncia problemas surpreendentes no sistema de educação jurídica de uma das mais antigas e conceituadas instituições de ensino dos Estados Unidos. Um relato dramático e um importante depoimento do autor.

Resenha | As Florestas do Silêncio - Emily Rodda

Deltora Quest - Livro 1 Editora : Fundamento Páginas : 104 Estrelas :  ✬ ✬ ✬ ✬ Skoob Publicado originalmente em 2000 com o título de The Forests of Silence O maligno Senhor das Sombras está tramando invadir Deltora e escravizar o seu povo. Há somente uma coisa que o impede: o mágico Cinturão de Deltora com suas sete pedras preciosas de fantástico e misterioso poder. Quando as pedras são roubadas e escondidas em locais sombrios e terríveis em todo o reino, o Senhor das Sombras triunfa e Deltora está perdida. Em segredo, com apenas um mapa desenhado à mão para guia-los, dois estranhos companheiros saem numa perigosa busca. Determinados a encontrar as pedras perdidas e livrar seu país do tirano, eles lutam para atingir sua primeira meta - as sinistras "Florestas do Silêncio".

Resenha | A Arte de ter Razão - Arthur Schopenhauer

Editora : Faro Editorial Páginas : 128 Estrelas : ✬✬✬ Skoob Publicado em 1831. A forma como nos comportamos socialmente não mudou muito desde Aristóteles. Partindo dos escritos do pensador grego, Schopenhauer desenvolve em sua Dialética Erística, 38 estratégias sobre a arte de vencer um oponente num debate não importando os meios. E, para isso, mostra os ardis da maior ferramenta que todos possuímos, a palavra. Usar argumentos e estratégias certas numa conversa é uma arma poderosa em qualquer momento. E tanto vale para quem quer reforçar um talento, evitar ciladas dialéticas, ou simplesmente estar bem preparado para negociações ou qualquer outra ocasião que exija argumentação... o que acontece em todos os momentos da vida. Essas estratégias não foram inventadas por Schopenhauer. Seu trabalho foi identifica-las, reuni-las de modo coerente, mostrando como são utilizadas, em quais momentos elas surgem em meio a uma discussão, de modo que você possa utilizar-se deste livro