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Projeto 1001 #9 | A História Secreta - Donna Tartt

Editora: Companhia das Letras
Páginas: 520
Estrelas: ✬✬✬✬
Publicado originalmente em 1992 com o título de The Secret History

Donna Tartt surpreende pelo talento com que combina a densidade psicológica e o vigor poético de um texto clássico com a trama complexa e o ritmo alucinado dos melhores romances policiais contemporâneos. Quem conta a história é Richard Papen, garotão da ensolarada Califórnia que consegue ser admitido na seleta Hampden, uma universidade em Vermont freqüentada pela elite norte-americana. Richard imagina ter atingido o Olimpo ao entrar para o círculo mais privilegiado daquela universidade. Cinco alunos, sofisticados e originais, selecionados por um mestre erudito e carismático, dedicam-se ao estudo da Grécia antiga. A eles junta-se o narrador, para participar da busca da verdade e da beleza, entre festas orgiásticas e finais de semana numa antiga casa de campo, regados a muito álcool e discussões filosóficas. A loucura desmedida certa vez termina numa orgia cujo ponto culminante é um ato de violência inominável e o suposto aparecimento do próprio Dioniso, numa de suas diversas manifestações. Quando descobre a terrível verdade, Richard envolve-se numa cadeia de segredos e cumplicidades, num encadeamento de medos e inseguranças que leva o grupo a cometer um ato ainda mais terrível. Melancólico e irônico, este é um romance feito de terror e prazer, remorso e decepção. Com ele, Donna Tartt revelou-se uma grande escritora já em seu livro de estréia.


Com esse livro, juntei a fome com a vontade de comer, ou seja, ele faz parte do Projeto 1001 e eu assisti uma resenha da Denise (♥) do Cem Anos de Literatura que me deixou morrendo de vontade.

Se eu tivesse que defini-lo em uma palavra seria cult. Sem qualquer entonação pejorativa, e respeitando a opinião de quem discorde, esse livro reune uma história excêntrica e uma escrita linda e envolvente. É recheado de referências, tem diálogos fantásticos e personagens que adoramos odiar, personagens que causam estranheza e que permanecem no nosso dia-a-dia depois da leitura.

Richard, o narrador, tem pinta de Nick Carraway, ele toma um segundo plano junto a história que ele conta. Começa quando ele é aceito em uma universidade elitista e, melhor ainda, aceito no curso mais exclusivo que a faculdade oferece. E é nele que tudo acontece. O curso de grego clássico é lecionado por um professor só e somente 5 alunos são aceitos.

Richard começa se entrosar com seus colegas ricos e inteligentíssimos, muito versados e fluentes, começa a participar de suas festinhas exclusivas regadas a muito álcool e conversas eruditas e um assassinato acontece. Numa dessas festinhas, as coisas saem do controle e a pressão começa a se impor.

É difícil falar sobre o que o livro se trata, pois muito da história se passa em coisas pequenas ou em diálogos, na entonação de um personagem ou nos trejeitos de cada um, muita coisa fica não dita, tem de ser extraída da página. Creio que o principal a se saber é que depois desse assassinato, o que já era esquisito, fica pior. A transformação de pessoas comuns (inteligentes, mas ainda assim, comuns) em panelas de pressão e culpa, é marcante.

Eu discordo da sinopse que fala em "ritmo alucinante". Para mim, a leitura não foi tão fluida, principalmente por conta das referências filosóficas, musicais e literárias, mas também pela beleza das palavras. Não foi uma leitura que eu quis devorar, e sim, degustar. São fascinantes, para mim, histórias que se constróem baseadas nos personagens, nas suas mudanças.

Me surpreende que esse seja o livro de estréia da autora e, com certeza, quero ler O Pintassilgo e o que mais ela escreveu ou ainda irá escrever. Acredito que ela saiba dosar os ingredientes de cada história para torná-la única e fantástica.

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