Editora: Martin Claret
Páginas: 127
Estrelas: ✬✬✬✬
Publicado originalmente em 1982 com o título de O Dominó Preto
O Dominó Preto inclui vários contos escritos por Florbela nesta altura em que se sentia menos virada para a poesia, e enquanto se dedicava a traduções de romances franceses, dadas as fracas condições económicas. Mostra-se um livro mais ligeiro e menos imbuído do tom funesto e soturno que Florbela imprimirá ao seu livro de contos seguinte, As Máscaras do Destino. No entanto, devido às partilhas dos direitos de autor, o livro só seria publicado em 1982, passados cinquenta anos sobre o desaparecimento da poetisa.
Não é segredo para ninguém que não sou fã de contos, entretanto, tenho tentado ler mais e entendê-los mais. Esse é um pequeno livro de contos que tem como temática principal as mulheres, exceto o último.
Mas não são sobre mulheres destemidas, mulheres ativistas, mulheres fantásticas. Na verdade, é um retrato da condição da mulher. Os protagonistas, na sua maioria são homens que ficam interessados em alguma mulher, e com isso, a mulher é vista através de seus olhos.
Embora publicado em 1982, provavelmente foi escrito em meados de 1927, portanto, trata-se de uma época bastante diferente da atual. Aqui, as mulheres admiradas são as castas, puras, à semelhança da mãe. Enquanto que mulheres ditas diferentes disto devem ser afastadas a todo custo.
O primeiro conto, Mulher de Perdição, é o primeiro e mais longo conto. Os outros, ocupam poucas páginas. Porém, uma coisa que me chamou a atenção foi que mesmo em contos de 10 páginas, eu tive um envolvimento com a história contada.
Eu achava que contos, para serem bons, deveriam ser longos, aproximando-se de novelas, na extensão. Porém, a autora me provou errada. Gostei muito da leitura desse pequeno livro.
São curtas histórias para se ler em pequenos momentos de lazer ao longo do dia. Eu o li em momentos ociosos no escritório, quando tinha um tempinho. Não toma muito tempo para a leitura e vale a pena pela qualidade de escrita.
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