Editora: Intrínseca
Páginas: 304
Estrelas: ✬✬✬✬
Publicado originalmente em 2010 com o título de Orange is the New Black
Quando era jovem, tudo o que Piper Kerman queria era viver novas experiências, conhecer pessoas diferentes e descobrir o que fazer com o diploma recém-adquirido da prestigiosa Smith College. Anos depois, com um bom emprego e prestes a se casar, ela recebe uma visita inesperada - a polícia. Piper estava sendo intimada para responder por envolvimento com o tráfico internacional de drogas. A acusação era verdadeira - recém-formada, Piper teve um caso com uma traficante glamorosa que a convenceu a levar uma maleta de dinheiro para a Europa. Sua aventura pelo submundo do crime voltou à tona no dia em que a polícia bateu à porta dela. Depois de uma dolorosa odisseia pelo sistema judiciário americano, Piper acabou condenada a quinze meses de detenção numa penitenciária feminina no meio do nada - longe dos amigos, da família e de tudo o que ela conhecia. Em 'Orange Is the New Black', Piper apresenta casos curiosos, perturbadores, comoventes e divertidos do dia a dia no presídio. Cercada de criminosas, logo percebe que aquelas mulheres são muito mais complexas do que ela imaginava. Ao mesmo tempo que aprende a conviver com regras arbitrárias e um rigoroso código de conduta, Piper revela as alegrias e angústias das presidiárias e analisa a crueldade com que o sistema carcerário as desumaniza e faz com que sejam invisíveis ao mundo exterior.
Acho que neste ponto, todo mundo já ouviu este título em algum lugar. Afinal, a série produzida pelo Netflix já está na terceira temporada. A Intrínseca fez o favor de publicar também a memória que inspirou o seriado.
Meu primeiro choque foi que os nomes dos personagens da série são diferentes dos nomes no livro, que foram alterados da realidade. Sacou?
Então, eu que assisto a série não tive muita facilidade em me ambientar no livro. Os personagens retratados na série, na verdade, são representações de vários personagens que a Piper encontra na vida real, no tempo em que passou presa. Os únicos nomes reconhecíveis são o da Piper e do Larry, seu noivo.
É bastante incrível (no sentido de não ser crível) como aconteceu toda a condenação da Piper. Nos seus 20 anos, ela conhece Nora (Alex Vause) e acaba se envolve com tráfico de drogas internacionalmente, porém, depois que ela abandona essa vida, anos se passam até que ela seja "condenada" e que vá cumprir pena.
Ela alegou culpa para pegar uma pena mínima (toda a parte legal é abordada no livro também, como a existência de penas mínimas em crimes federais, o que no Brasil é totalmente inconstitucional). Porém, teve que esperar 6 anos até que pudesse cumprir pena, rolando toda uma mutreta com os corréus do processo, já que desmascararam todo o grupo envolvido.
Enquanto a série tem um tom bastante cômico, o livro é realmente a memória da autora. Não tem nada cômico em ser presa por um crime que você cometeu há 10 anos, em conviver sem nenhuma privacidade com outras 200 mulheres, muitas das quais, com sentenças enormes.
É chocante a diferença do sistema prisional americano para o brasileiro. Vocês sabem que eu faço Direito e uma das constantes em palestras desse meio é discutir a situação dos presídios brasileiros. Bom, nessa prisão federal em que a Piper ficou presa, com capacidade para 200 presas, ela descreve como "superlotação assustadora" quando permanecem presas 250 mulheres. Veja bem, as lotações no BR são superadas em centenas/milhares. Além disso, elas tem camas (aqui é raro), bibliotecas, uma espécie de EJA (precário, mas existente). Essa comparação foi chocante para mim.
É claro que não foi nenhuma moleza. Mas ainda assim, é triste comparar realidades. Para além disso, a realização da Piper, convivendo com as vítimas de tráfico na prisão, da sua parcela de culpa, é fantástica. Mesmo sem as condições, ela foi uma prisioneira que se reabilitou para a convivência, através da exposição com as vítimas de seu crime; como ela mesma diz, uma espécie de justiça restaurativa acidental.
Gostei bastante de ter lido essa memória. E acho que a adaptação para o seriado foi fantástica, eles souberam adaptar migalhas do livro em grandes histórias. Foi até difícil encarar aquilo que estava lendo como uma história real, mas me forcei a pensar sobre isso. Enfim, recomendo a leitura.
Meu primeiro choque foi que os nomes dos personagens da série são diferentes dos nomes no livro, que foram alterados da realidade. Sacou?
Então, eu que assisto a série não tive muita facilidade em me ambientar no livro. Os personagens retratados na série, na verdade, são representações de vários personagens que a Piper encontra na vida real, no tempo em que passou presa. Os únicos nomes reconhecíveis são o da Piper e do Larry, seu noivo.
É bastante incrível (
Ela alegou culpa para pegar uma pena mínima (toda a parte legal é abordada no livro também, como a existência de penas mínimas em crimes federais, o que no Brasil é totalmente inconstitucional). Porém, teve que esperar 6 anos até que pudesse cumprir pena, rolando toda uma mutreta com os corréus do processo, já que desmascararam todo o grupo envolvido.
Enquanto a série tem um tom bastante cômico, o livro é realmente a memória da autora. Não tem nada cômico em ser presa por um crime que você cometeu há 10 anos, em conviver sem nenhuma privacidade com outras 200 mulheres, muitas das quais, com sentenças enormes.
É chocante a diferença do sistema prisional americano para o brasileiro. Vocês sabem que eu faço Direito e uma das constantes em palestras desse meio é discutir a situação dos presídios brasileiros. Bom, nessa prisão federal em que a Piper ficou presa, com capacidade para 200 presas, ela descreve como "superlotação assustadora" quando permanecem presas 250 mulheres. Veja bem, as lotações no BR são superadas em centenas/milhares. Além disso, elas tem camas (aqui é raro), bibliotecas, uma espécie de EJA (precário, mas existente). Essa comparação foi chocante para mim.
É claro que não foi nenhuma moleza. Mas ainda assim, é triste comparar realidades. Para além disso, a realização da Piper, convivendo com as vítimas de tráfico na prisão, da sua parcela de culpa, é fantástica. Mesmo sem as condições, ela foi uma prisioneira que se reabilitou para a convivência, através da exposição com as vítimas de seu crime; como ela mesma diz, uma espécie de justiça restaurativa acidental.
Gostei bastante de ter lido essa memória. E acho que a adaptação para o seriado foi fantástica, eles souberam adaptar migalhas do livro em grandes histórias. Foi até difícil encarar aquilo que estava lendo como uma história real, mas me forcei a pensar sobre isso. Enfim, recomendo a leitura.
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